Pesquisar neste blog

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Guardador de Rebanhos - XX

(Alberto Caeiro/Fernando Pessoa)

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

2 comentários:

  1. Para quem vê esse magnífico Tejo todos os dias, é sempre uma delícia ver as suas águas misturar-se com o sal...

    Obrigada por partilhar conosco tão bela poesia, Gilberto!

    => Crazy 40 Blog
    => MeNiNoSeMJuIz®
    => Pense fora da caixa

    ResponderExcluir