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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Quando chover de novo

Um dia, quando chover de novo
e acabar a energida no meu bairro
e eu estiver sozinho à luz de velas,

eu não estarei sozinho à luz de velas.

E a poesia que verei
    não será a folhagem que balança suavemente lá fora;
e a poesia que ouvirei
    não será o gotejar da água que ainda procura seu curso
e a poesia que tocará meu corpo
    não será a brisa que entra suave
e o gosto na minha boca
    não será o gosto sem poesia do vento que venta lá de fora.

Nesse próximo dia, quando chover de novo
e o bairro estiver escuro,

haverá luz que vem de você.

O balançar dos seus cabelos,
o murmúrio carinhoso da sua voz,
o toque da sua alma
o gosto terno do seu beijo.

A poesia, então, seremos nós.

Gilberto de Almeida
28/10/2012

2 comentários:

  1. Gosto imenso da ideia que a poesia são os seres e não as palavras que formam versos. Mesmo assim, este texto é quase prosa, mas é poesia.
    Bonito sentimento!

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