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sábado, 13 de outubro de 2012
Com Alberto, na vila Gosau
A Vila Gosau, na Áustria, é um lugar diferente.
Mas digo diferente, querendo dizer belo.
E digo belo, querendo dizer que ao lá chegar, vindo de Haia, quase perdi o fôlego.
Parei a distância. E aquela brisa fria do diminuto vale, banhado pelo sol que àquela hora já dissipava a névoa matinal, me enchia os pulmões de êxtase.
Por isso digo belo, querendo dizer extasiado com a beleza, com o clima, com tudo!
Parecia que Deus vinha erguer, naquele exato instante, somente para que eu e Alberto pudéssemos assistir o espetáculo, o lençol de brumas que, noite adentro, havia de ter tornado fantasmagórica a paisagem. Parecia que o criador nos queria revelar a face esplendorosa de sua criação, como um anfitrião hospitaleiro, insistindo na permanência dos futuros hóspedes...
Comovido pelo encanto da paisagem, num ímpeto de contentamento, tirei o Alberto da maleta! Queria que ele apreciasse a criação, a natureza, tudo de que ele gostava na vida:
- Não é belo, Alberto, não te agrada?
E Alberto, muito gentil naquela manhã, talvez cativado pela brisa leve que lhe acariciava o rosto, explicou:
- Muito me agrada, Gilberto. De facto, muito me agrada!
A brisa refrescante entra pelos meus pulmões e me torna a respiração fácil e sossegada.
O sol, que aquece o corpo, o faz brandamente. Não perturba e não irrita e minha pele se sente confortável com isso.
Piso na relva macia e meus pés podem sentir o contacto com a grama e a umidade do orvalho que ainda não se dissipou. E essa sensação também é agradável.
Enxergo o vilarejo, as casas com seus telhados altos, a torre da igreja, e meus olhos percebem isso com nitidez.
Também vejo o nevoeiro que se move atrás dos pinheirais.
Mas se não mantiveres o olhar tão distante, meu amigo Gilberto, como quem procura enxergar além das cousas, verás que a poucos passos daqui estão umas vacas a pastar, e que ali, com elas, está toda a verdade.
O que achas que elas pensam da beleza de que tu falaste, ocupadas que estão em se alimentar da grama? O que achas que pensam do lençol de brumas que tu mencionaste?
Por certo, nada pensam e nada sabem.
E o fato de não pensarem e de não saberem, meu amigo, não torna as cousas diferentes.
E o que existe, existe e, assim, esses animais vivem, e nós vivemos, independente de como as cousas aparentam.
E esta beleza de que falas, não existe para as vacas que pastam e não existe para mim, que não penso nisso.
Mas sou feliz por saber que o mundo é tal qual é, e o posso sentir como to disse.
Para mim, a vida é como as vacas, que apreciam o capim, porque tem gosto de capim.
Gilberto de Almeida
13/10/2012
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