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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Com Alberto, ladeando o Tibre

 
Trago sempre o Alberto comigo, vocês sabem! Se não na maleta ou no bolso, pelo menos em pensamento.

E foi numa passagem por Roma, após uma noite boêmia que não tive, que, nos arredores do Vaticano, quando ladeávamos sem rumo, o rio Tibre, a aurora nos apontou o Castelo de Sant'Angelo.

Eu, que sempre me manifesto primeiro, e não deixo o Alberto falar, quebrei o Silêncio:

- Você imagina? Consegue pensar em quanta história já viveu este Castelo? E agora, sereno, aqui, nas margens do Tibre... Olha esse azul! Não é magnífico?

Alberto continuou calado!

- Tá bom, me diga o que você vê...

- Vejo o castelo, e o céu, e as luzes, e a ponte, e seus reflexos!

Mas eu queria mais. Apesar da pergunta, não queria que o Alberto me dissesse apenas o que estava vendo. O Alberto, que sempre falava pouco, estranhamente, sempre tinha muito a dizer.  Continuei insistindo:

- Ora, tudo bem! Mas não é de se pensar onde leva esta ponte? Ou onde já levou? Hoje é um museu, mas já foi um mausoléu, um castelo, até um anjo já apareceu sobre ela...

Meu amigo olhou pra mim com um olhar sereno de quem não pensava coisa alguma e simplesmente disse, como se tivesse pena de mim:

- A ponte não leva, nem nunca levou! Acaso vês alguém sobre ela agora? Quem ela está levando? Se existe uma ponte, meu amigo, isso só pode significar uma, e apenas uma cousa: é que existem dois lados!

E eu fiquei olhando para ele, surpreso!

Gilberto de Almeida
27/08/2012

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